domingo, 19 de dezembro de 2010

Natal na minha cozinha!

Ah não! Acredita que esses ovos estão na maior animação para o Natal? Não, né? Por isso eu fotografo. Para ninguém falar que estou mentindo...

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 Que a animação dos meus ovos esteja presente na noite de Natal de todos vocês!

Dá até pena de fazer rabanada... 

sábado, 18 de dezembro de 2010

Os Ovos e a História da Física

Caramba!!!! Sabem quem está lendo o meu livro e está adorando? Se eu contar ninguém acredita! Por isso resolvi fotografar!




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sábado, 11 de dezembro de 2010

Ying-Yang-Yuki-Nara

crianças quinta na praçaHoje não teve jeito. Eu tento evitar, procuro passar longe, manter uma certa distância, mas hoje não teve jeito mesmo. Tive que ir ao shopping em pleno mês de Dezembro! E ainda com Nara e Yuki! Era para ser algo bem rápido mesmo, tipo vapt-vupt, entrar e sair, ping- pong, ying-yang, fuivoltei. Nara precisava de um biquíni para ir ao Rio Water Planet amanhã comemorar os treze anos da melhor amiga. Era só isso. Um biquíni.

Coloquei Yuki rapidinho num parquinho fechado cheio de monitoras que andam descalças num chão acolchoado e colorido e saí correndo com a Nara para escolher a roupa de mergulho, pirueta e escorregadas radicais. Peguei o Yuki uma hora e meia depois (!) e ele fez o maior escândalo para sair daquele bem-bom. Parece criança esse meu filho caçula. Muito imaturo. Não entende a finitude da minha paciência e da minha conta bancária. Yuki, o dinheiro da mamãe acabou. A-ca-bou! Vamos embora correndo senão a mulher vai chamar o moço que vai expulsar a gente daqui! Gastei meu latim à toa, de nada adiantou uma explicação super clara e detalhada sobre o funcionamento do mundo. Comecei a tirar meus sapatos bufando para correr atrás dele e pegá-lo à força quando a Nara se meteu e gritou de onde estávamos mesmo que eles iam tomar o maior sorvetão do mundo se eles saíssem dali naquele exato instante. Sorvete? Mané, que sorvete? Nara, tá maluca? Temos que vol... pronto. Yuki já estava ao meu lado calçando os chinelos todo animado. Ele e mais um punhado de crianças que, bem feito, tinham que ficar lá mais um tempão brincando.

O sorvete não estava no script, assim como tanto tempo no parquinho também não e nem a quantidade de biquínis experimentados. Mas tudo bem, Nara vai arrasar amanhã e eu já estava mesmo precisando naquela altura de um sundae duplo.

Indo a caminho do estacionamento depois de nos entupirmos de tanto sorvete, quem a gente viu? Quem estava lá no shopping? Quem? Bem sentadão dando tchau. Quem? Ele mesmo. Papai Noel. Perguntei ao Yuki se ele queria falar com o bom velhinho. Assim, depois de pegarmos uma filinha básica e de ver muitas crianças mega assustadas sendo forçadas pelos pais sem a menor noção de psicologia, a se aproximar mais, a sorrir, e até a sentar no colo do coitado do homem já todo suado, chegou a vez do meu filho.

Yuki se aproximou timidamente. Eu toda cheia de cuidado e com todo jeitinho fui puxando a mãozinha dele em direção ao Papai Noel (!!! Papai Noel!!!!). Conforme o homem rechonchudo começou a fazer perguntinhas, Yuki foi se soltando.

Qual o seu nome? Qual o seu time? Quer ganhar o que de Papai Noel?

Depois dessa última pergunta então... ele até soltou a minha mão para explicar com gestos tudo o que ele queria. Um helicótupelú que faz ttatatatataaa, um carrão bem glandão de contlole remoto, um avião que voa láááááá longe e mais um caminhão que carrega carros, e mais...e mais....e mais...

Papai Noel, todo fofo e politicamente correto, perguntou se ele havia obedecido mamãe. Yuki me olhou assustadaço, e disse baixinho para ele que havia ficado de castigo uma vez, mas que pediu desculpas e ficou bem bonzinho depois. E foi chegado o momento da despedida. Papai Noel pediu um beijo e um abraço bem forte, Yuki deu tudo o que Papai Noel pediu e Papai Noel, todo simpático, deu para o Yuki um pirulito no final. Tudo muito legal. Mas, outra coisa fora do script do dia: Yuki olhou para o pirulito, para o Papai Noel, para o pirulito...nessa hora, eu pressentindo o que não se passava naquela cabecinha, segurei a mãozinha dele e comecei a tirá-lo de perto do seu barba-branca-me-poupe!, mas Yuki botou pé firme, começou a fazer biquinho, depois abriu o berreiro e desembestou a reclamar reclamar reclamar. Pu quê? Pu quê? Pu quê só um pilulito pla mim? Pu quê??? Eu num ti disse que pedi desculpa?

Até ele se acalmar para eu conseguir explicar que hoje era só o dia de anotar os pedidos, que Papai Noel virá à nossa casa na noite de Natal, que o pirulito não era presente, era só um negocinho sem significado nenhum que Papai Noel dava para todo mundo seja bom ou ruim nessa vida, tenha pedido desculpas ou não pra mamãe...olha, foi brabo. As crianças na fila estavam num misto de ansiedade e pânico vendo o escândalo do Yuki que apontava com a mão esquerda o pirulito que segurava com a direita e que revezava o olhar úmido entre o doce e alma do Papai Noel.

Eu já estava a ponto de contar toda a verdade para o Yuki que seguia inconformado. As duendes empurrando a gente para sair da frente do Papai Noel, o diabo do homem já chamando outra criança sem ainda resolver a crise do meu filho, a minha paciência já no beleléu, meu coração batendo tresloucadamente ... peguei o pirulito da mão do Yuki, apontei para o Papai Noel e antes que eu falasse uma poucas e boas para ele, a Nara gritou de longe. Yuki, vamos ver os carros no kart! Que kart, mané, kart? Nara, a gente tá in... Yuki saiu correndo animado e fomos ver (rapidinho, viu?) qual era daqueles carrinhos barulhentos.

Finalmente, depois de sei lá quantas horas dentro de um shopping, as crianças cansaram de tudo aquilo e pude voltar para a casa sem precisar prometer nada além da casa mesmo.

(Leve, estranhamente leve depois dessa tarde, sentei aqui na biblioteca e comecei a fazer um trabalho do curso de filosofia. Porém, mesmo diante de grandes questões sobre a existência há nesse instante uma só pergunta que me paralisa. O que eu faço agora com o pirulito que está na minha bolsa?)



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Gostou? Então quem sabe goste desses também?

Sinal Verde
Dividindo pra poder sobrar




terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Pelo sim, pelo não...

Virada do ano para 2010 trouxe erros em
                processamento de datas. (Foto: Divulgação)

Final do ano se aproxima. Eis que chega Dezembro, o calor infernal carioca e as decorações de Natal que ano a ano destoam cada vez mais do nosso clima. O excesso de vermelho, justamente nessa época, é um desafio à minha enxaqueca. Diante da imagem de Papai Noel que a toda hora aparece na minha frente seja lá onde eu esteja, acabei sem querer refletindo no meio de um baita engarrafamento na Praça da Bandeira se, por um acaso, ele, o Papai Noel, existisse me visitaria na noite de Natal. Para tanto e por falta do que fazer, ao som de buzinas e apitos de guardas de trânsito, realizei a minha própria retrospectiva 2010:

Consegui terminar o meu curso de italiano que nem Deus sabia se o finalizaria. Ingressei oficialmente no doutorado. Quase não fiz exercícios físicos. Dirigi no limite da velocidade mas avancei muitos sinais. Passei a emprestar meus livros somente mediante uma garantia de que eles seriam devolvidos. Comecei a pintar o cabelo e não contei a ninguém. Decidi fazer terapia. Fui usuária da ração humana por um mês e meio. Menti para os meus alunos dizendo que a prova estava muito difícil. Usei vírgulas indevidamente. Conheci o CERN e a terra de Jorge Luis Borges. Esnobei. Comprei poucas roupas, um Cuco para meus pais de presente, nenhum CD e vinte e sete livros. Li menos da metade, mas detonei em uma semana todos do “Pequeno Nicolau”. Quase não comi fruta. Não fui a Minas ver meus tios e nem a nenhum médico. Experimentei acarajé e a solidão no farol da Barra. Meu filho mais velho foi morar com o pai e eu não chorei. Vi as quatro temporadas do Prison Break direto. Não subestimei e nem idolatrei ninguém além de mim mesma. Entrei no facebook. Engordei 3 quilos. Quase não falei palavrão, mas xinguei a minha sogra. Xinguei uma nora também. Meu cunhado. E mais um punhado de gente que me tirou do sério. Votei na Dilma.Entrei nas aulas de conversação em inglês. Fiz barulho de metralhadora quando vi na televisão os traficantes fugindo da Vila Cruzeiro e entrando no Complexo do Alemão.

A grande questão que me coloquei já na altura do Maracanã é o que ainda daria tempo de se fazer antes da chegada do Natal para que o bom velhinho não só aparecesse como também me entupisse de presentes legais. Ele não virá, eu sei e não me importo. Eu procuro me perdoar diariamente e isso é o que basta. Queria apenas arejar a biografia e deixar vazar alguns pensamentos nada abençoáveis. Mas pelo sim, pelo não e pela incoerência que me persegue, andei chupando manga, comecei ontem a tomar caralluma (um redutor de peso que vai me deixar com o corpo da Gisele Bundchen em menos de dez dias), marquei uma consulta médica, estou lendo Schelling e vou a Minas semana que vem.


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Gostaria de saber dos amigos, o que eles fariam para ganhar presentes na noite de Natal. Vejam bem, não se trata de promessas para o ano que vem e sim para o que dá para ser feito antes deste acabar! Mais alguém quer ficar nu?





domingo, 14 de novembro de 2010

Contando as Estrelas

Estou participando de um Congresso em História da Ciência aqui em Salvador. Aprendi já um monte de coisas legais, fiz alguns contatos, conheci ídolos, apresentei meu livro para um monte de gente e, por tabela, fiz um tratamento de choque. Existem terapias que colocam o paciente em contato com o que lhe causa pânico para ver se ele aprende de vez a ser homem. Cá estou eu, vivendo meu maior pesadelo, tendo a visão do inferno a cada segundo. Apesar de dar alguns "ois" nesse congresso, não consegui fazer uma aproximação além da profissional. Resultado? Nos tempos vagos, acabei ficando completamente sozinha e hoje, por exemplo, fui ao Pelourinho tendo ao meu lado somente a minha parca coragem. Cheguei a cogitar a hipótese de não ir a lugar nenhum e curtir uma depressão, mas nem de longe isso combinou comigo.

No final do tratamento, algumas histórias para contar.

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No Mercado Modelo entrei numa loja que vende instrumentos musicais dentre outras coisas esquisitas. Comprei cuíca, pandeiro, pau de chuva e um agogô para o Yuki, meu filho sambista de quatro anos. Mas mesmo após ter finalizado a compra continuei olhando os objetos expostos nas prateleiras.

- O que é isso? - Perguntei apontando um côco com um canudo minúsculo de madeira meio achatado.
- Sabe não?- Respondeu o baiano com o maior sotaque de baiano.
- Sei não. - Saiu a resposta meio assim sem querer.
- É pra fumar maconha. Vou lhé éxplicar como sé usa.- E dito isso o baiano pegou um baseado apagado.
- Carece não, moço. Eu não fumo. – Disse em baianês claro, já arrependida de ter perguntado.
- Mas deixa eu lhé éxplicar para a senhóra aprénder.- Disse o baiano pegando o côco em slow motion.
- Mas eu não vou usar! - E comecei a me afastar do baiano maconheiro com medo de ser presa.
- O nóme disso é côco lôco - Continuou o rapaz lentamente. - A gente énfia o baseado aqui, énfia o canudo no côco, e a fumaça fica présa. Assim, senhóra, ninguém sénte o cheiro, éntende o que estou a lhé dizer?
- Sim, perfeitamente, obrigada. - e comecei a ir embora.
- A fumaça éncontra uma barréira.- Falou o rapaz que pelo visto já havia fumado e não me ouvia e não parava de mostrar a porcaria do côco.
- ... – Desesperei-me em silêncio.
- Eu estou lhé explicando isso, senhóra, tenha médo não, mas é que se a senhóra ver alguém com isso vai saber o que está acontécendo. - Justificou calmamente o soteropolitano.
- Obrigada.- Agradeci depois de ter refletido sobre preconceitos e  medos precipitados. - Côco-lôco. Aprendi.

Agora estou espertinha.

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 Voltando para o hotel de táxi imunda, suada, morta de tanto andar, o motorista resolveu puxar assunto:

- A senhóra é daqui não, acértei? - Cutucou-me o motorista.
- Sou não. - Saiu a resposta, de novo, meio assim sem querer.
- Da onde a senhóra veio? - Insistiu o motorista.
- Vim do Rio. - Respondi simplesmente.
- Cónhéço. Ja tive em cópacabana. Fui lá fazér um biscate. Vénder chinélo. Déu certo não...- Estendeu-se o motorista.
- Mas é bonito o Rio, não? - Desvencilhei-me friamente de uma longa história contada em câmara lenta.
- Bónito é. Mas o próblema é que o Rio tem muita subida. Diférénte daqui. - Disse o motorista olhando pro horizonte como se ele (o horizonte (ou o motorista mesmo)) estivesse bem distante.
- Hum hum. – Concordei rápido. Apreensiva com aquela meditação toda repentina no meio do trânsito.
- Aqui não. Aqui em Salvador só tem déscida.

Meodeos... o que esse baiano está me dizendo? Diferente de lugar que tem muita subida é lugar que tem  descida por acaso? Ai, jesuis! Será que ele não sabe que isso é uma questão de referencial?

- Mas, meu senhor, veja bem, tudo que sobe...não desce? E se desce... não foi porque subiu?
- A sénhóra me entendeu diréito não. Lá no Rio de Jánéiro, tem muita subida e aqui, véja bém, é tudo baixo. Ou alto.

Ou não...

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A noite saí caminhando pela orla. Meu hotel fica na praia da Barra, pertinho do farol. A intenção era chegar nele e lá comer um acarajé. Com a iguaria nas mãos, sentei-me na grama, nas mediações do forte. Brisa, acarajé, farol da Barra...até que não posso reclamar. Ao meu lado, próxima a mim, sentou-se uma mulher. Menina nova. Por volta dos vinte anos aparentemente. Também só.

Reconheci a moça assim que olhei para o seu rosto e o brinco cor  rosa-pink que contrastava com a pele negra. Ela era a ascensorista do elevador Lacerda que peguei hoje.

Parênteses. O Elevador Lacerda é um ponto turístico aqui em Salvador. Ele liga a cidade alta à cidade baixa. Mas é apenas um elevador sem nem ao menos uma vista panorâmica. Quente quente quente. Assim que entrei, chamou-me a atenção a ascensorista pelo trabalho que ninguém merece. Aperta botão sobe. Aperta botão desce. Sobe desce, sobe desce, sobe desce...quantas vezes essa coitada faz isso ao dia? E que diabo de brinco feio é esse? Fecha parênteses.

- Te vi hoje trabalhando. – Falei assim, por falar.
- Ah sim, a sénhóra éstéve lá no élévador? – Perguntou com a intenção certamente de ser apenas simpática.

- Estive. Trabalho cansativo esse seu... quente lá dentro, né? – Disse eu limpando a boca com o antebraço já que as duas mãos estavam segurando o acarajé.
- Ah é sim, e por isso eu vénho aqui sémpre que pósso. Eu passo o dia usando o meu dédo indicador apértando bótão e suando. Aqui no fárol... com esse vénto...posso usar meu indicador como deve ser usado.
- ???- Perguntou a minha testa.
- Cóntando as éstrelas.

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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Capitão Nascimento e Dona Maria José



Depois de enfrentar uma fila fora do comum no Norte Shopping para comprar ingressos no cinema em plena segunda-feira, eu e Nelson entramos na sala de projeção quinze minutos antes de iniciar Tropa de Elite 2 com o intuito de garantir um bom lugar. Menos de cinco minutos depois que sentamos, a sala já estava lotada. O filme, como todos sabem, é um fenômeno de bilheteria. Havia pessoas de todas as idades, cores e tamanhos ansiosas e empolgadíssimas para torcer pelo Capitão Nascimento.

Com poucas luzes ainda acesas, bem antes do aviso para que desligássemos os celulares, uma senhora que pertencia a um grupo de mais umas seis idosas e que por sua vez estavam sentadas na fileira em frente a minha, começou a tossir de tanto rir. As outras estavam bem agitadas também gargalhando. Eu estava atenta a observá-las. Um grupo de senhoras sempre me causa um certo desconforto. Fico logo imaginando que deve ser um bando de viúvas, morando sozinhas depois de uma vida dedicada a um lar movimentado com filhos e que agora estão todos casados e mudaram-se para outros Estados... e de repente, no meio dessas divagações devidamente discutidas na terapia que não está adiantando de nada, algo estranho aconteceu. A senhora que tossiu ficou em pé, agora séria. Olhava para o chão e parecia procurar algo.

- O que foi, Maria José? – Perguntou uma senhora com cabelo acaju.

- Shhshhshshs – cochichou Dona Maria José no ouvido da amiga que imediatamente se levantou também e começou a olhar para o chão.

Não demorou para todas aquelas senhoras estarem na vertical em pleno cinema. Havia uns meninos vestidos com uniforme da rede estadual de ensino sentados ali por perto, mais precisamente em frente a elas que, rapidamente, ofereceram ajuda.

- Tia, perdeu alguma coisa? – Perguntou um garoto alto e negro sentado à frente da senhora-acaju.

- Perdi mas não quero dizer o que foi. – Respondeu Dona Maria José.

- É melhor falar que eles ajudam, Maria José!- Aconselhou uma outra senhora que segurava um pacote grande de m&m´s ainda fechado.

Maria José ainda relutava em responder.

- Fala, tia! Quer ajuda? – Insistiu o outro de cabelo cheio de trancinhas tererê.

- Perdi o pivô.- Disse Maria José envergonhada, mostrando para as velhas amigas e para os meninos um buraco entre os dentes.

Dito isso, as amigas com a ajuda dos meninos de uniforme imediatamente intensificaram a busca naquela penumbra que fica as salas de cinema antes do filme começar.

- O que está acontecendo? – Perguntou uma menina da minha idade sentada logo atrás de mim.

- Maria José perdeu a dentadura. – Respondi no reflexo.

Os meninos, nessa hora, estavam todos tentando iluminar o chão com a parca luz de três celulares juntos.

- Pede pro lanterninha iluminar! – Gritou a menina atrás de mim  se compadecendo com o problema de  Maria José e revelando que não era tão menina assim.

- Que lanterninha? O que é isso? – Interpelou um dos meninos de uniforme lá na frente para a infeliz que não sabe que lanterninha é coisa do tempo dos dinossauros.

- O que está acontecendo? – Perguntou o senhor atrás da menina que não era menina droga nenhuma.

- A senhora ali perdeu a dentadura. – Respondeu um moço com um saco enorme de pipoca duas cadeiras à esquerda da meninossauro.

- Achei! – Gritou o rapaizinho alto de uniforme. – Ah não, era pipoca... – Lamentou-se em seguida.

Por um momento, aquela busca me lembrou o resgate dos 33 mineiros. Vários celulares iluminavam do alto o cocuruto das senhoras que olhavam por debaixo das cadeiras. E o mundo inteiro, a essa altura, já acompanhava o desespero daquela senhora com o sorriso pra lá de comprometido. O filme quase para começar... A pouca luz que tínhamos ia acabar em instantes!

- Deixa pra lá. – Falou Maria José meio descontente e perdendo as forças.

- Desiste, não, tia! Esse troço é caro a beça! – Aconselhou o menino que não sabia o que era  "lanterninha".

- Não, tia, desiste não! A senhora é brasileira! - Esbravejou um patriótico aluno da rede estadual.

- Vê se melhora. – Falou firme um rapaz bem vestido que veio lá detrás com um celular super bombado que apertando um botão durante três segundos se transformava numa lanterna hiper potente.

Não sei quanto quantos minutos se passaram, mas sei que foram tensos. Estávamos todos com os pescoços esticados com medo das luzes se apagarem e Maria José ficar sem o dente que custou os olhos da cara, como lembrou a senhora-m&m´s.

- Achei! – Vociferou feliz a senhora de cabelo acaju levantando bem alto um dente com um pino  para todos verem que, dessa vez, não era alarme falso.

Todos do cinema, nesse instante, aplaudiram, ovacionaram, eu até dei um abraço forte no Nelson! Um menino que estava com mão cheia de pipoca, com aquela gritaria e batelança de palmas jogou as pipocas para o céu, certamente agradecendo aos deuses por aquele sufoco ter acabado. A amiga de Maria José, feliz da vida, abriu, finalmente, o m&m´s e começou a oferecer para todo mundo. Enfim, um negócio assim de doido e muito bonito de se ver!

- Já valeu o ingresso! – Gritou Nelson emocionado aplaudindo.

Daí, as luzes começaram a se apagar, o filme começou e bem, foi aquilo que todo mundo já sabe.



sábado, 16 de outubro de 2010

Biciquétala! Sabe andar disso?


Yuki: Móin, vamos andar de biciqueta?

Móin: Só se você aprender a falar direito.

Yuki: Eu num sei falá dileito, móin!

Móin: Sabe sim. Fala: lá lá lá.

Yuki: Lá lá lá.

Móin: Fala: Lé lé lé.

Yuki: Lé lé lé.

Móin: Fala: Biciqué.

Yuki: Biciqué.

Móin: Bi.ci.que.lé.

Yuki: Bi.ci.que.lé.

Móin: Bi.ci.que.lé.ta.

Yuki: Bi.ci.que.lé.ta.

Móin: Isso! Agora fala bicicleta!

Yuki: Biciquétala!

Móin: Bicicleta!

Yuki: Biciquétala!

Móin: Bi.ci.queleeeeta!

Yuki: Bicique.leeeta.

Móin: Tia Calááááudia.

Yuki: Tia Calááááudia.

Móin: Isso! Tia Cláudia. Bicicleta!

Yuki: Tia Cáudila. Biciquétala.

Móin: ...

Yuki: Vamu agola? Vamu andá comigo de biciquétala?

Móin: Agora vamos! Adorei isso... Bóra, meu filho!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Zapeando sem Controle


Joe Reese
Feriadão em casa e maridão embarcado.

Hideo: Mãe, você acha que a Natália vai ficar chateada comigo se eu for à festa com o Coutinho?

Nara: Mãe, você prometeu que hoje ia comprar esmaltes comigo. Vamos agora ou depois?

Livro: Em 1695, Leibniz publicou “Specimen dynamicum” e “Système nouveau”. Essas publicações se complementam no desenvolvimento do conceito de força como uma substância metafísica e como fenômeno da matéria.

Yuki: Acabeeeeeei, móin!

Email: Água e coca-cola IMPRESSIONANTE!!!!!!

Lucimar: Acabou o gás.

Livro: O que Leibniz diz aqui é que Aristóteles e os filósofos escolásticos tem certamente tentado expressar a unidade das coisas, mas o fizeram com conceitos obscuros e confusos.

Hideo: Mãe, tem um filme maneiraço que eu quero ver com você. Rock Star, tá afim agora?

Email: Fwd: Fw:Enc: *Aviso das Seguradoras - Vale a pena ler pra não cair no golpe dos motoqueiros!!!!

Nara: Mãe, o Jonnhy Depp nem parece a idade que tem, né? Ai, mãe, ele é o máximo!

Yuki: Quelo vê tlem na intenétchi. A intenétchi tá lenta, móin???

Lucimar: Posso fazer lasanha pro almoço hoje?

Livro: Uma ideia atomista produz uma contradição, enquanto composição de pontos matemáticos é impossível. Leibniz conclui assim, que é necessário reintroduzir a forma substancial.

Hideo: Mãe, tem ideia de alguma fantasia para eu ir à festa, caso a Natália não se importe?

Nara: Ai, mãe, essa cor não é linda?

Lucimar: Não tem carne moída.

Livro: Não é possível discutir a diferenciação de Leibniz do conceito de força sem primeiro discutir a metafísica subjacente: força é a essência da verdadeira unidade.

Yuki: Posso chupá o pilulito de molango agola?

Email : Fwd: FW: Técnica para RELAXAR...mto bom...rs.....

Celular: Sogra chamando. Ekinha! Vou almoçar na sua casa amanhã para ver meus netos!

Livro: Há, então, dois níveis de realidade, ambas construídas da matéria e da forma. O que é complicado no sistema de Leibniz...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sinal Verde

Estava tirando o carro para levar minha filha Nara de doze anos à escola. Enquanto Nara fechava o portão da garagem, eu fiquei olhando a rua dentro do takimóvel, verificando se havia algum perigo iminente. Aqui em Madureira é assim, temos que ficar sempre espertos senão o moço leva nosso carro sem nem pedir direito.

Nesse momento de a-tensão acabei vendo a Nádia, amiga de infância de Tatiana, minha irmã mais velha. Da mesma forma que eu, Nádia manteve o mesmo CEP desde quando nasceu. Ela sempre foi gordinha. Desde criança. Foi uma adolescente que lutou para diminuir a força da gravidade, às vezes ficava mais magra mas passava um tempo, já estava ela ocupando bastante espaço de novo. Crescemos. Eu pouco, é verdade e Nádia bastante para cima e para os lados. O máximo que fazemos é nos cumprimentarmos quando passamos uma pela outra. Nunca tive intimidade com ela para ir além disso.

Pois bem, hoje a vi levando suas filhas gêmeas de três anos à escola acompanhada do marido que carregava duas mochilas rosas. E pensei: caramba...Nádia nunca emagreceu mesmo pensando bem se ela fosse magra ela não seria a Nádia ou seria? que legal duas filhas iguaizinhas já pensou se Yuki tem um irmão gêmeo a Ta também não mudou nada vou perguntar a ela se está gostando da escola para eu matricular Yuki ano que vem nunca tive intimidade com ela mas que legal duas mochilas rosas o marido tem uma cara boa a família está bonita... as vírgulas são desnecessárias porque nem deu tempo de respirar nessa fração de segundos em que Nara fechava o portão.

Quando Nara entrou no carro e me viu olhando alguma coisa perguntou:

- O que você está olhando, mãe?
- A Nádia, amiga da tia Tata que sempre foi gorda e está levando as filhas gêmeas para escola com o marido.

Engatei a primeira e lá fomos nós!

- Que horror, mãe... Por que ela sempre foi gorda?
- Não faço a menor ideia.
- Por que ela teve gêmeas? Qual o problema dela ser gorda?
- Nenhum.
- Mas você não está aí olhando?
- Estava. Até que você entrou no carro e quis entrar na minha cabeça.
- Puxa, mãe, que horror!
- ???
- Ela só colocou casaco em uma filha!
-Vai ver que a outra não quis colocar, Nara.
- Cruzes, mãe, você virou para mim e disse: olha lá, Nara, a amiga da  tia Tata que é gorda mas é feliz!
- Eu disse isso? Eu nem disse para você olhar nada. Você entrou no carro e me perguntou assim – falei afinando a voz e fazendo cara de retardada - “Mãe, o que você está olhando?” e eu respondi o que estava olhando!!!
- Mas precisava???
- Precisava o que, Nara?
- Nem precisava dizer nada. Você disse: Nara, a amiga da tia Tata sempre foi gorda mas teve gêmeas.
- Mas? Eu não disse mas! Eu disse que a amiga da tia Tata sempre foi gorda e que estava levando as filhas para a escola.
- Mas por que você faria essas duas observações? Que ela sempre foi gorda e tem duas filhas?
- Porque era isso que eu estava olhando.
- Isso foi um insulto para mim, mãe! Um in-sul-to!
- ???
- Você quer me dizer- Nara disse engrossando a voz e levantando o dedo indicador- : “viu, Nara? Você pode continuar assim e ainda ser feliz!”.
- Assim como?
- Gorda, eu estou gorda, mãe, você sabe disso, papai falou!
- Nara, vai fazer terapia!
- Mãe, confessa, mãe. Você acha que ela é feliz só porque tem filhas gêmeas e nem acreditava que isso fosse possível e agora está feliz porque viu que eu posso ser feliz do jeito que eu sou. Por isso está rindo agora.
- Nara, eu nem pensei em você quando olhei a Nádia! E estou rindo de seus devaneios.
- Que horror, mãe!
- Nem posso olhar a Nádia com as duas filhas em paz...
- Mas você só ficou olhando porque ela é gordinha.
- Não, fiquei olhando porque ela estava andando na rua e pensei “Olha a Nádia, amiga da tia Tata que sempre foi gorda e está levando as filhas gêmeas para escola com o marido!”. Simples assim: sem quê nem por quê.
- Você não ia pensar "amiga da tia Tata".
- Nara, isso que dá querer entrar na cabeça dos outros. Os outros não sabem nem por que pensaram isso ou aquilo...
- Mas por que você olhou fixamente, mãe? Eu te conheço...
- Fixamente???
- É, mãe...

Chegamos, enfim-graças-à-Deus, à escola. Observei  a Nara atravessando de forma atrapalhada a Intendente Magalhães e pensei: " Caramba...a Nara atravessa a Intendente toda atrapalhada ela é ainda muito pequenininha nem sabe atravessar a rua Nara vai ficar maluca se continuar assim ligada em tudo que está perto dela será que Yuki já almoçou ainda tenho que fazer unha hoje e acabar de ler livro do Gusdorf o que será que vai acontecer no Prison Break vou matar o Nelson por ter falado que Nara está gorda...". E pensando pensando pensando, rapidinho já estava de volta. Ao apontar o carro para a minha garagem, vi a Nádia voltando de mãos dadas com o marido.

Nádia hein...quem diria!


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Se você gostou desse texto, poderá gostar também de:

Pronto. Virei Sogra!
Pre$ente

domingo, 3 de outubro de 2010

Bússolas. Quando arremessá-las?


Irisneide veio do interior de Minas, com seus filhos Emerson e Thales. Um de cinco anos o outro de oito. Chegou com destino certo. Trabalhar na casa de Aline, filha de Penha e minha vizinha. Moramos na mesma vila no subúrbio carioca. Aline terminou o ensino médio ano passado e veio para o Rio fazer um curso profissionalizante. A mãe, o pai e a irmã de Aline moram no mesmo lugar de onde veio Irisneide. Por se conhecerem e por gratidão, Irisneide veio fazer companhia e comida para Aline.

Assim, no início desse ano, meu filho Yuki de quatro anos ganhou de repente dois amiguinhos que, a princípio, tiveram dificuldades em arrumar vaga em uma escola aqui perto. Todos os dias, Yuki brincava com Thales e Emerson. Dividia brinquedo, comida e a atenção de todos da  nossa família.

O problema é que Irisneide é da pá virada. Menina nova, de 22 anos, cheia de vida como dizem os que não a acompanham. Não nasceu para viver sem amigos, sem forró e sem tatuagem e talvez por isso os filhos dela até dormiam de vez em quando aqui em casa e meu filho se divertia tanto quanto Irisneide.

A convivência se estendeu por sete meses até que a patroa descobriu que Aline estava ficando muito sozinha em casa, quando não ficava cuidando de duas crianças enquanto Irisneide estava digamos, balançando o esqueleto não necessariamente ao som de uma música. Penha veio de Minas sem querer conversa. Pegou a danada da Irisneide, o Emerson e o Thales e levou todo mundo de volta. Justo agora que eles haviam conseguido vaga na escola e eu havia comprado copos com o nome deles.

Yuki ficou sem amigos, a casa ficou vazia e com o "copo-Emerson" e o "copo-Thales" no armário que nem deu tempo de dar para eles levarem de presente. Foram embora para Minas e para sempre.

Agora tenho que explicar para uma criança o por quê dele nunca mais poder ver os amigos. Por mais que eu fale que eles foram morar longe, em uma outra casa, em outro Estado, ele não entende. Yuki não aceita tamanha perda sem uma boa e detalhada explicação. A questão é que eu também não entendi direito. Não entendi o por quê do fogo e também não entendi o por quê do gelo. Hoje até fui surpreendida na cozinha olhando os copos fixamente. Não os estava entendendo também. Como vou (se é que posso) dizer para meu filho que viver ultrapassa qualquer entendimento e que é preciso, às vezes, entregar-se à desorientação?


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O que será que meu pé está me dizendo?



terça-feira, 28 de setembro de 2010

Homenagem ao caçula

Esse vídeo foi feito em homenagem aos 4 anos do Yuki. Músico de nascença.

A primeira música, Chula Cortada cantada por Pedro Miranda, foi escolhida pelo fato dela ser atualmente a música preferida do Yuki. Ele a canta e a ouve 547 vezes por dia. A segunda música do vídeo tem outra história. Quando ele  ouviu pela primeira vez Adriana Calcanhoto cantando Poeta Aprendiz de Vinícius de Moraes ele disse que essa era a música dele. Feita para ele. Quem sabe será mesmo???

Com vocês, o MEU, o SEU, o NOSSO YUUUUUUUUKIIIIIIIIII!



"Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita
Por isso sofria
De melancolia
Sonhando o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser"

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CERN. Acabou-se o que era doce

Já sinto saudades de quase tudo, mas se tem algo que eu olho e dou graças à Deus de estar bem distante são essas  máquinas engolidoras de moedas e completamente surdas. Esse foi o meu pesadelo naquela terra super interessante.


Para pegarmos ônibus, trem, bonde, cavalo, café, água... tinha que ter um bilhete que só era adquirido na máquina. Detalhe: só aceitava moedas, não dava troco e não poderíamos comprar dois bilhetes. Então, se o bilhete custasse dois francos e só tivéssemos uma moeda de cinco francos, tínhamos que beijar a moeda e despedir-se dos três que a máquina iria engolir para a eternidade. Mais um detalhe, o ônibus, o trem e o bonde tinham uma pontualidade suíça. Éramos um grupo de sei lá quantos. Toda hora que chegávamos no ponto era uma gritaria nervosa porque tinha que dar tempo de comprar bilhetes para todos embarcarmos juntos. A visão de um grupo de físicos desesperados diante da máquina era deprimente (no bom sentido, é claro...):

-QUEM TEM DEZ CENTAVOS? QUEM TEM DEZ CENTAVOS?
-TÁ CHEGANDO! TA CHEGANDO!TÁ CHEGANDO!
-EURO OU FRANCO?EURO OU FRANCO?
-QUE BOTÃO VOCÊS APERTARAM?QUE BOTÃO VOCÊS APERTARAM?
- ENGOLIU! ENGOLIU!
-APERTA!APERTA!
- É ESSE? É ESSE???

Toooodo dia era isso. Toooooodo dia.

Até que chegou nosso último dia, com as últimas palestras com questões para lá de filosóficas:

Esse é  Dr.Jonathan Ellis, pesquisador do CERN que nos contou sobre Questões em Aberto na Física de Partículas e no Universo.



Esse aí é o Fábio Beig verificando o que sobrou da bolada que ele havia levado para Genebra.

E enfim, chegava ao fim o nosso sonho. Muitos já foram para as palestras de sexta-feira de mala e cuia. Apesar da saudade grande de casa, o coração estava apertado por ser obrigado a dar adeus aos novos amigos e por não ter palavras para agradecer todos os momentos maravilhosos que passamos juntos.


A maioria do grupo pegaria avião sábado a tarde e sobrou, então, o restinho da tarde de sexta e a manhã de sábado para conhecermos o resto da Europa. Vãobora que dá tempo!


Era o único momento que tivemos para comprar souvenirs e o que mais tivéssemos vontade. Nas sacolas aí em cima  tínhamos patins, relógios, chocolates, brinquedos, canivetes... Quem converte não se diverte! Foi o lema que adotamos para ter coragem de trazer tudo o que queríamos.


Após as compras, resolvemos parar e curtir com calma um cantinho de Genebra. O resto da Europa ficaria para a manhã do dia seguinte.


Não era raro ver mulheres de burca. Nessa aí, nós ficamos de olho para ver como  a coitada ia comer com aquilo. Essa foto foi tirada por Soraia Azeredo que além de excelente física  tira fotos com muitos defeitos especiais!


Essa é a Izabel Cristina, autora da frase "Quem converte não se diverte!" e responsável por eu ter gasto o dobro do que previa.


Bom, estamos nos finalmentes mesmo. Fábio nesse dia, chegou até a colocar a calça pelo avesso!

Sábado pela manhã, corremos ao aeroporto para fazer o check in e tentar conhecer o resto da Europa.


Decidimos começar pelo Museu da História da Ciência. Como o museu era lindo, ficamos mais tempo do que deveríamos nele e não conseguimos conhecer Paris, por exemplo. Tínhamos que voar para a aeroporto.


 É...acabou-se o que era doce. Estávamos muuuuuito cansados... vivemos uma semana intensa. Aprendemos um bocado. Impossível viver uma experiência como essa, tendo contato com o maior laboratório já contruído pelo homem que busca compreender a origem do Universo, sem uma grande transformação interior, sem filosofar, sem se emocionar, sem ser contagiado pela ciência por completo.

Termino aqui essa série de postagens sobre a minha aventura na Escola de Física CERN 2010 com a foto de todos os brasileiros que viveram essa experiência ímpar:

Os recursos necessários para a participação dos brasileiros no CERN, em Genebra  foram obtidos junto ao Departamento de Educação Básica da CAPES e ao Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia.

Para deixar registrado:

Dois colegas, Dulcídio e Glória foram entrevistados pela revista Ciência Hoje sobre a Escola de Física CERN 2010:

 http://cienciahoje.uol.com.br/alo-professor/intervalo/todos-os-sonhos-do-mundo.

E também, Ana Luiza no Estadão de SP:

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,professores-brasileiros-fazem-curso-no-cern,609188,0.htm


Última foto da máquina.

Agora, colocar para frente o que aprendi. O show tem que continuar.

Beijos em todos

Now: home sweet home!!!




quarta-feira, 15 de setembro de 2010

CERN- Quase nos finalmentes...


Lá do restaurante do CERN, dependendo do dia, conseguimos ver o Mont Blanc que é a montanha lá atrás com a ponta branca. Essa foto foi batida por mim, na quinta-feira, dia 9 de setembro, antes do nosso dia começar.



E o dia começou com o pé direito com o curso sobre Aplicações da Física de Partículas à Medicina com o professor Luis Peralta do LIP (Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas). Para quem acha que médico não precisa saber física, saiba que lá no CERN tem um setor onde trabalham físicos e médicos buscando (e encontrando) a cura para vários tipos de câncer.

 Bonito demais ver a ciência aplicada. Bonito demais!

As demais palestras com os professores Gaspar Barreira (LIP) e a professora Rosalia Vargas (Agência Ciência Viva e Pavilhão do Conhecimento) foram legais também.

A tarde fomos conhecer o LINAC (onde os prótons são acelerados) e participamos de uma sessão experimental com uma Câmara de Nuvens. Daqui a pouco vocês vão ver as fotos.

Nessa placa, mostra quando o síncrotron (acelerador de partículas cíclico) foi inaugurado. Conseguem ver ou eu estou atrapalhando muito? É que eu tive que provar que eu estive lá...


Melhor assim?


Bom, e lá vou eu feliz e contente, mais uma vez, conhecer lugares super interessantes e perigosos.




Antes de continuar, tivemos que verificar se tínhamos sido contaminados com aquela radiação toda. Essa aí sou eu, cheia de medo:



Ufa! Posso continuar a visita...

Esse aí embaixo, como vocês podem ver é uma pequena parte de um grande equipamento. Eu já me esqueci para que serve, mas com certeza tem algo a ver com partículas, prótons, quarks...


Olha o acelerador aí, gente!!!


Parte do acelerador linear, responsável pelo primeiro aumento de velocidade dos prótons. Nesse aparelho as partículas, saindo do repouso, atingem uma velocidade de 0,3 da velocidade da luz (100 000 km/s). Outros aparelhos proporcionam aos prótons uma velocidade final de 99,9999 % da velocidade da luz.

Dá para acreditar que eu estive lá?

Bom, depois dessa visita ao LINAC aprendemos com o "prêmio Nobel" de fisica, o professor Mick Storr, como se constrói uma  câmara de nuvens.



Entenderam? Para quem quiser maiores detalhes dê uma olhada aqui, você será direcionado para o blog do professor Dulcídio, que foi comigo para o CERN.

Depois desse dia super cheio ainda fomos confraternizar com os colegas portugueses e moçambicanos e com os professores num churrasco português. Antes disso, havia uma pedra no meio do caminho.


Do meu lado esquerdo a França, do direiro, Suíça. Ainda estou dentro do CERN.

Fomos para o churrasco no ônibus de gente importante. Na sequência: Fábio, Medina, Euzinha, Alex, Soraia, Alexandre e a perua da Izabel.

Já viram um churrasco só de físicos? Ei-lo:


Pensa que não nos divertimos quando nos juntamos?

Ledo engano...

Como dizem os portugueses aqui (que não sabem falar português coisíssima nenhuma): eu sou a mais pequena.

O de avental vermelho é um professor de lá do CERN e o de amarelo eu não tenho a menor ideia de quem seja.


Ah sim!!! Esse é o Sandro Fonseca de Souza. Ele me pediu para que contasse a todos que ele existe. A dizer: ele é carioca, suburbano de Piedade, formado pela UERJ e está pesquisando lá no CERN!!! Se eu não o conhecesse eu também duvidaria que ele é real. Para aqueles que não acreditam que podemos chegar lá, estar junto dos melhores e contribuindo intelectualmente de alguma forma com tudo aquilo, eis a foto:

Sim, we can!!! Quer dizer...he can!!!


Churrasco sem música? Nerd não canta? Quem disse? Com vocês o professor Vitor Oguri!


Depois desse dia maravilhoso, hotel, skype com a família e cama!

Beijos e até o último capítulo dessa série!