quarta-feira, 13 de junho de 2012

Não Curti


Entrei no elevador hoje no segundo andar do CEFET. Estava com preguiça de ir pela escada até o quinto. Dou de cara com um casalzinho emburrado. Em pleno 13 de junho que vem logo depois do dia 12 de junho, o dia em que mel em cima de cocada fica menos enjoativo do que as mensagens de amor no feicebuque.

- Rafa... – Ela disse logo que a porta se fechou.

- SSSHHHHH...- Fez o Rafa de cara feia olhando fixamente para baixo, exatamente para a minha pessoa, fazendo o sinal universal de cala a boca para a garota.

- Rafa, - insistiu a menininha fofa com cara de pobrezinha e com voz de meiguinha – eu só curti, Rafa...

- Só, Maria Eduarda, só curtiu? Só? Desde quando, Maria Eduarda, curtir seis vezes é ‘só’ curtir?!? – Caraca, Maria Eduarda havia pisado na bola legal. Todo mundo sabe que curtir uma vez é ser simpático, duas é ser colega, três, amizade, quatro, interesse, cinco, vem cá que eu tô facinha, seis?!?  Fala sério! Que decepção, Maria Eduarda! Que decepção!!!

- Mas você quer o que, Rafa? – perguntou a safada e sem-vergonha na maior cara de pau! Eu olhei rápido para o Rafa querendo só ver que tipo de homem ele era.

- O que eu quero, Maria Eduarda? O que eu quero? – Afe. Esse Rafa é do tipo que começa respondendo perguntando tudo duas vezes...- O que eu quero? Você ainda me pergunta? – Recriminei-o com um olhar severo. O meu andar estava chegando...Caraca, ômi, fala logo que quer que ela te respeite!, desembucha essa raiva direito ao invés de ficar perguntando igual um coió. Explica que ela fazendo esse tipo de coisa acaba com a sua masculinidância enquanto homem no feicebuque! Gasta esse latim, Rafa!

- Você quer que eu deixe de ter as minhas opiniões? Quer que eu me anule no feicebuque? – Maria Eduarda estufou o peito e falou balançando o queixo igualzinho um sino e com a mão na cintura. Como essas pessoas conseguem fazer isso com a cabeça? Sempre tentei e nunca consegui. Enquanto eu olhava a vaca da Maria Eduarda oscilando aquela fuça a porta do elevador se abriu.

Hesitei. Se eu saísse não poderia mais dar aquele apoio moral pro Rafa. 

Pensa rápido, Elika, pensa rápido!

- Vocês vão descer aqui? – Perguntei com firmeza, pensando em segui-los só até o Rafa dar um fora na Maria Eduarda.

- Não. – Respondeu a hexa-curtidora descarada.

- Não? Não??? Como não? – Pronto. Peguei a doença do menino. – Esse não é o último andar?

- É, mas estávamos descendo, daí a senhora entrou e apertou o quinto. Esses elevadores do CEFET são meio malucos. – Respondeu o coiócudo do Rafael que além de tudo não deixou a porta se fechar segurando-a para eu sair em segurança. Fofurésimo. – A senhora não vai descer aqui?

- Eh, bem, eu ia, mas acabo de me lembrar que tenho que ir ao banco. – Se tem uma coisa que eu admiro em minha pessoa é meu raciocínio com a velocidade da luz.

E a porta se fecha.

Silêncio.

Mais silêncio.

Como é que é, meu povo! Bóra discutir essa relação que meu tempo é curto!

E o elevador despencando em queda livre!

Que situação! Que situação em que fui me meter! Que estresse!Que estresse!

Comecei a rodar o meu anel do mindinho e a olhar sério pro Rafa com a minha testa tensa, linguagem universal dos que acham que Maria Eduarda pisou na bola e que ele tem toda razão de ficar chateado e deve exigir mais respeito da parte dela.

- Ok, Maria Eduarda, desculpa. É que eu sou meio inseguro mesmo...

A porta se abriu, meu queixo caiu e os dois saíram abraçadinhos. Isso que dá a gente se envolver emocionalmente com o problema dos outros. O acesso ao elevador começou se estreitar cada vez mais, meu nariz quase ficou preso... congelei sem entender nada... fiquei com a maior cara de bananada diet a um centímetro daquela fenda emborrachada.

 Como essa garotada de hoje é imatura. Vou te contar, viu...


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