quarta-feira, 27 de março de 2013

Pobre Tumita...




Ontem fiz uma postagem no feicebuque que começava dizendo que eu estava admirando "A última Ceia". Com medo de que alguém não soubesse o que era, eu, metida que só, expliquei: "o famoso quadro de Leonardo da Vinci" (depois de ter confirmado no gúgol (porque eu não sou boba nem nada) se o quadro era mesmo do Leo e não do Mich). Estabaquei-me logo no primeiro comentário de um jovem sábio que me disse que "A última Ceia" não era um quadro e sim um afresco. Pronto. Lá estava a minha ignorância exposta publicamente. Mas eu nunca fui mulher de ficar com vergonha de parecer desprovida de inteligência. Apaguei a postagem porque fiquei com medo de parecer desrespeitosa ao dizer que  comecei a  imaginar todos do “quadro” dançando o Harlem Shake. Deletei não pela gafe, mas por receio de cometer uma heresia logo na semana da Páscoa. 

E para provar que não tenho vergonha de minha ignorância, que não me senti derrotada como Napoleão depois da batalha de Watergate, vou expor outras mancadas. Semana passada na hora do banho, lembrei-me da música do Djavan, aquela que fala dos sentimentos que temos quando saímos do avião. Linda. Grande sucesso. Comecei a cantá-la alto. Ah Djavan... "gênio da nossa música popular brasileira"... pensava  eu enquanto entoava as belas notas daquela melodia e a sujeira era subtraída de meu corpo... “♪♫ Ao sair do avião, Zudi pisou num ímã. Branca é às três da manhã ♪♫”. Já limpa  e seca continuei cantando pela casa e cheguei ao computador. Peguei a letra e soltei a música bem alta pelos meus fones de ouvido para cantá-la toda juntinha com o grande mestre. Levei um susto... Djavan não estava fazendo uma Ode às pessoas que pisavam em solos firmes vivinhas da silva, se aproximando do solo como um metal se aproxima de um ímã e de tão alegres que via o dia claro em plena três da madrugada... O certo é “Açaí guardiã, zum de besouro, um ímã. Branca é a tez da manhã”. Sem metáforas alguma. Letra sem pé nem cabeça... Achei Djavan uma merda...

Minha filha Nara entrou para aula de canto neste ano e eu quis enchê-la de cultura e dizer que não basta cantar, é também necessário que se interprete o que cada frase está dizendo para que a voz passe emoção. Aprenda com os grandes, minha filha! Mandei logo o vídeo da Elis cantado “Como Nossos Pais”. Havia uma parte em que ela falava que somos imaturos, não deixamos as ideias cozinharem no tempo certo e que por isso não conseguimos enxergar o novo. Prestenção quando chegar essa parte, Nara! Aquela estrofe, para mim, foi a minha filosofia de vida e se sou aberta às novas ideias até hoje foi porque Elis sempre me chamou a atenção de forma incisiva que ♪♫ “Mas é você que é mal-passado e que não vê...” ♪♫,  e repetia que ♪♫ “Mas é você que é mal-passado e que não vê...” ♪♫ e concluía ... “♪♫ que o novo sempre veeeeemmmm♪♫”. Qual o quê! Imprimi a letra para dar para a Nara e meu mundo caiu. Quem não vê é quem ama o passado e não quem é mal-passado, imaturo e não-pensante... Odiei. Amassei a folha e fiquei um tempo me questionando com aquela bola de papel numa mão e a outra no queixo tal como aquela escultura "O Pensador" de Monet. Fiquei me perguntando como  não podemos amar o passado. Como??? Tem que ter paciência de Lot para repensar a vida. E eu não a tive. Joguei aquela porcaria no lixo.

Como a minha postagem mostrou, as minhas inépcias não fazem parte somente do passado. As músicas de hoje também podem piorar aos meus ouvidos (embora elas já não tenham mesmo quase nenhum encanto (tais como muitas da minha época... Sejamos justos como Moisés, né? Lembram da “Kátia Flávia, a cotia de Irajá”? Então... mesmo concertando não tem jeito aquela porcaria. ♪♫ O que você qué? Calcinha! O que você qué? Calcinha! ♪♫ Cruzes...)) Por isso estranhava Vanessa da Mata “ter medo do inseguro e dos fantasmas da minha avó”. Sempre achei a música desrespeitosa. Tratar as avós assim como assombrações é muita falta de amor e de versos mais bonitos e criativos. Mas nunca mudei a estação da rádio quando da Mata cantarolava esse disparate por causa da Elis que até pouco tempo atrás como já disse,  falava-me que o novo sempre veeeeemmmm e que era para eu deixar as coisas amadurecerem no meu intelecto! E por isso, abri-me tanto para esses noviços que cheguei a  achar Seu Jorge mega bacana porque fez uma música exaltando todas as mulheres de hoje que fazem várias coisas tipo ir ao cabeleiro, ao eletricista, malhar o dia inteiro e ainda assim ter pinta de artista. 

E nem vamos falar de quando eu era criança e que ao cirandar morria de pena do Tumitinha, cujo amor era pouco e por isso se acabou. Tumitinha...aquele mesmo que dava anel de vidro para a namorada não por carecer de dinheiro mas por ser incapaz de se apaixonar intensamente e presentear a sua pouco-amada com algo decente. Tipo ouro. Amemos! Mas não pouco como Tumitinha para não ficarmos que nem tontos dando meia volta, volta e meia dando por esse mundo mundo vasto mundo como já nos dizia Vinícius. 

Pobre Tumita...







8 comentários:

  1. Perfeita como sempre! Adoro suas verdades e sinceridades! E pra variar ri muito! :) Bj

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Oi, Lú!

    Ando muito atribulada com a minha tese que está chegando grazadeus ao fim com 500 páginas escritas. Os filósofos gostam que nos estendamos nos argumentos...

    Sinto, porém, é muita falta de escrever meus textos, minhas crônicas, mesmo porque elas me ajudam muito a organizar as ideias aqui dentro.

    Para quem tem feicebuque, sabe que eu de vez em qdo mato um pouco da saudade, a ansiedade e acabo fazendo umas postagens um pouco grandes até por lá, mas sem tanto compromisso literário. Inclusive queimei muitas ideias em várias postagens que poderiam ter virado crônicas. Mas deixa isso pra lá.

    A gente vive conforme dá e dança conforme a música.

    Hoje, resolvi me estender um pouco mais numa postagem. Após lapidá-la, acabei vendo que essa merecia vir pro blog.

    Que bom que agradei vc!

    Beijos

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  4. Muito bom como sempre e também divertido, me lembrei do erro clássico abaixo:

    “NOITE DO PRAZER”, de Cláudio Zoli
    A letra correta: “Na madrugada / A vitrola rolando um blues / Tocando B.B. King sem parar”
    Como o pessoal canta: “Na madrugada / A vitrola rolando um blues / Trocando de biquíni sem parar”

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  5. Muito bom como sempre e também divertido, me lembrei do erro clássico abaixo:

    “NOITE DO PRAZER”, de Cláudio Zoli
    A letra correta: “Na madrugada / A vitrola rolando um blues / Tocando B.B. King sem parar”
    Como o pessoal canta: “Na madrugada / A vitrola rolando um blues / Trocando de biquíni sem parar”

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    1. =D

      Essa realmente é clássica.

      Tem outra que gosto do Bêbado e o Equilibrista. Sonhava com a volta do irmão doentinho.

      Nunca entendi porque alguém sonharia com isso.

      =)


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  6. Putz, acho que você tem problema auditivo...kkkkk
    E eu tb já paguei alguns micos desses...

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    1. Ah isso eu tenho, mas o problema vem desde quando não tinha.

      ♪♫ Sempenhoou nessa igualdade. conseguimos conquistas com braços fortes!!! ♪♫

      cada hora me lembro de um...

      =D

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